quarta-feira, 29 de junho de 2011

Angelus de Bento XVI na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo



Angelus
Praça de São Pedro
Domingo, 26 de junho de 2011

Queridos irmãos e irmãs!
Desculpai-me pelo longo atraso. A Missa em honra dos Santos Pedro e Paulo foi longa e bela. E pensamos também naquele belo hino da Igreja de Roma que começa: "O Roma felix!". Hoje, na Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, Patronos desta Cidade, cantamos assim: "Feliz és, Roma, porque foste purpurada pelo precioso sangue de tão grandes Príncipes. Não para o teu louvor, mas para teus méritos toda a beleza supere!". Como cantam os hinos da tradição oriental, os dois grandes Apóstolos são as "asas" da consciência de Deus, que percorreram a terra até os seus confins e subiram aos céus; esses são também as "mãos" do Evangelho da graça, os "pés" da verdade do anúncio, os "rios" da sabedoria, os "braços" da cruz (cfr MHN, t. 5, 1899, p. 385). O testemunho de amor dos Santos Pedro e Paulo ilumina os Pastores da Igreja para conduzir os homens à verdade, formando-lhes na fé em Cristo. São Pedro, em particular, representa a unidade do colégio apostólico. Por esse motivo, durante a liturgia celebrada nesta manhã, na Basílica Vaticana, impus a 41 Arcebispos Metropolitanos o pálio, que manifesta a comunhão com o Bispo de Roma na missão de guiar o povo de Deus à salvação. Escreve Santo Irineu, Bispo de Lyon, que à Igreja de Roma "propter potentiorem principalitatem [pela sua peculiar principalidade] deve convergir toda outra Igreja, isto é, os fiéis que estão em todos os lugares, porque nessa é custodiada a tradição que vem dos Apóstolos" (Adversus haereses, III,3,2); assim no II século.

É a fé professada por Pedro a constituir o fundamento da Igreja: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" – lê-se no Evangelho de Mateus (16,16). O primado de Pedro é predileção divina, como o é também a vocação sacerdotal: "Não foram nem a carne nem o sangue que te revelaram isso – diz Jesus – mas o meu Pai que está nos céus" (Mt 16,17). Assim acontece a quem decide responder ao chamado de Deus com a totalidade da própria vida. O recordo de bom grado neste dia, no qual se completa para mim o sexagésimo aniversário de Ordenação sacerdotal. Obrigado pela vossa presença, pelas vossas orações! Sou grato a vós, sou grato, sobretudo, ao Senhor pelo seu chamado e pelo ministério a mim confiado, e agradeço àqueles que, nesta circunstância, manifestaram-me a sua proximidade e apoiam a minha missão com a oração, que de cada comunidade eclesial brota incessantemente a Deus (cf. At 12,5), traduzindo-se em adoração a Cristo Eucaristia para fazer crescer a força e a liberdade de anunciar o Evangelho.

Nesse clima, estou feliz por saudar cordialmente a Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, presente hoje em Roma, segundo a significativa tradição, para venerar os Santos Pedro e Paulo e partilhar comigo o desejo da unidade dos cristãos querida pelo Senhor. Invoquemos com confiança a Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, a fim de que cada batizado torne-se sempre mais uma "pedra viva" que constrói o Reino de Deus.


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